26 de dezembro de 2013

1930's - A Grande Depressão, Design e Nacionalismo & o Streamline


CONTEXTO HISTÓRICO

      A década de 30 começa tumultuosa devido A Grande Depressão ocorrida em meados de 1920, essa depressão teve início devido ao desequilíbrio econômico nos Estados Unidos. O mercado de ações no país começava a crescer, com os norte-americanos investindo em bolsa de valores, acreditando que estas estariam sempre em alta. Porém após os EUA entrarem em recessão, muitas empresas endividaram-se além da conta após a euforia de investimentos. Foi em 1929, quando o peso das ações desabou provocando a quebra da Bolsa de Valores de Nova York que deu início A Grande Depressão. 
      Após a queda, muitas empresas abriram falência ou foram compradas por outras maiores. Espalhando-se pelo mundo, causou no Brasil a chamada “crise do café” onde produtores que vendiam para o exterior perderam suas mercadorias devido à falta de procura após a crise. Já na Europa, favoreceu o surgimento do nazismo alemão e do fascismo italiano.


PRODUÇÃO GRÁFICA

      Com a indústria cada vez mais competitiva a fim de se manter firme durante a crise, começa-se a busca constante por métodos para a redução de custos e aumento das vendas e publicações institucionais. Nesse contexto começam a surgir grandes desenhistas industriais – designers. Por isso a produção gráfica de 30 começa a explorar essas necessidades, ainda tendo um pouco de influência do final do Art Déco, porém com apresentação de formas angulares, geométricas e escalonadas, apresentando também as características de cada país.


      Nos Estados Unidos, surge a Advertising Arts (1930), revista responsável pela introdução do design modernista no país. Nos pôsteres americanos haviam a chamada publicidade institucional, onde eram criados para o bem do público. No Reino Unido, os pôsteres publicitários promoviam viagens e lugares ensolarados com a simplificação das formas e blocos de cores, estilo característico de Tom Purvis; a criação do Bullseye, por Edward Johnson; o mapa do metrô em 1933, feito por Henry Beck e é criada a fonte Times New Roman (1932) por Stanley Morrison para o jornal The Times. Já na Suiça, ocorreu a predominância dos pôsteres de viagem com o estilo do artista Herbert Matter, que utilizava radicais constantes de dimensionamento. Além dos pôsteres que enfatizava a velocidade.


      Na URSS, Alemanha e Espanha, houve muito uso de propagandas políticas com o uso de fotografias, onde o nacionalismo era difundido. Para Hitler, os pôsteres foram importantes para a ascensão nazista. Na URSS, eram utilizados para chamar a população para levantes durante a Revolução Russa. Na Itália, ocorre o aparecimento de elementos industriais nas publicações futuristas, que romperam com a simetria da página impressa. Já no Brasil, surge várias revistas de sucesso, destacando-se o artista Santa Rosa. 

Entretenimento 

      Sofrendo bastante impacto do cinema, as histórias em quadrinhos tiveram sua maior transformação em 1930. Quadrinhos como ‘Gato Félix’ de Pat Sullivan e ‘Popeye’ de Elize Segar, ainda tinham desenho e narrativas lineares, foi com ‘Tarzan’ de Harold Foster que isso mudou. O cinema influenciava através dos sombreamentos dramáticos, enquadramentos inusitados com muito uso de close, um seqüenciamento de imagens inspiradas na montagem cinematográfica e nas narrativas dramáticas, cheias de ação e aventura.

STREAMLINE & PRODUTO


      Entre 1930 e 1950, prosperou nos Estados Unidos um estilo de design conhecido com “Streamlined”. Esse movimento estético baseava-se em pesquisas técnico-científicas com aerodinâmica e teve aplicação em diversos setores do design industrial. Apresentando referência explícita a utopia era o símbolo do sonho americano, que parecia se tornar verdade durante as décadas. O Streamline tinha como características o design futuristas que remetia a velocidade e o simbolismo. 
    Os produtos criados baseados nesse estilo perderam a angulação aguda de suas pontas e foram substituídas por curvas simples e aerodinâmicas. Seu processo de fabricação explorava o desenvolvimento científico de novos materiais, incluindo alumínio e baquelita. Particularmente os rádios, novo produto da época, são exemplos importantes do estilo Streamline Moderne, eram peças de puro estilo. Nos automóveis, o estilo foi utilizado remetendo-se ao design futurista, apresentando carroceria fechada e formas aerodinâmicas. Os puxadores, maçanetas e apertos de mão foram embutidos ou adequados para dar ao objeto uma aparência limpa e fechada. 
      A aerodinâmica tornou-se uma prática no design e se estendeu a navios, trens de ferro, ônibus e outros veículos da época.

A MODA DE 1930


      Influenciada fortemente pelo cinema, pelos movimentos sociais ocorridos em 1920 e pelo decreto de novas leis, a moda da década de 30 teve interferência, mesmo que sutil, da moda surgida ainda na 1ª Grande Guerra (1914-1918) e durante a Grande Depressão (1929-1941). 
      Na década de 30, as mulheres voltaram a valorizar o corpo, porém com refinamento devido à influência do Movimento Feminista da década anterior. Decretada a Lei das férias remuneradas na França, as maisons começam pela primeira vez a criação dos trajes esportivos e de banho, com isso começa-se a geração de inovações práticas (zíperes) e novos tecidos (jérsei, malhas flexíveis e impermeáveis). A utilização de roupas como calças pantalonas e shorts. Com o racionamento de matérias devido a crise, acessórios e sapatos começaram a ser produzidos em materiais mais baratos, como vidros, metais moldados e não preciosos nas jóias de Cartier e materiais sintéticos nos sapatos, empregados por Ferragamo. 
   Na indumentária masculina da época é possível perceber a valorização da idéia de juventude e descontração, o desaparecimento das barbas e bigodes devido à criação do aparelho de barbeador pela Gillette. Nos trajes esportivos, René Lacoste cria a camisa pólo que facilitava movimentos, já no Scholte criada as roupas com cortes londrinos, ternos de lã e camisetas de gola solta. 

A Influência do Cinema 

   As Crises e Guerras levam a população a procurar por entretenimento, a fim de quebrar com os sentimentos causados pelas batalhas. Nos Estados Unidos, essa influência causava as leitoras de determinadas revistas o deslumbramento da fotografia dos vestidos utilizados pelas atrizes hollywoodianas. O estilo sedutor e fotogênico utilizava-se de materiais luxuosos como musselines, lantejoulas e peles, de contrário a moda empregada em Paris. Valorização da anatomia das atrizes com decotes profundos e cavados nas costas, deixando a mostra o colo. Era através do cinema que as tendências eram divulgadas. 
     No Brasil, Carmen Miranda, em 1939, no filme Banana is My Business (Banana é meu negócio) firma a imagem da baiana no exterior. Utiliza as primeiras plataformas da história e preferia bijuterias à jóias, era a fonte fashion.

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Referências Bibliográficas:

CARDOSO, Rafael. Uma Introdução à História do Design. São Paulo: Edgar Blücher, 1999.
HESKETT, John. Desenho Industrial. Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
BAUDOT, François. Moda do Século. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
BÜRDEK, Bernhard. Design, História, Teoria e Prática do Design de Produtos.

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